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Cinzas Ao Vento: A Arte de Produzir um Filme sem Verba

Iniciando uma etapa
2 de janeiro de 2016
O Ano Começou
18 de fevereiro de 2016
“Quando um homem tem força de vontade, os deuses dão uma ajuda.”
(Ésquilo)

“Cinzas e Café” foi um trabalho, financeiramente, difícil de ser realizado, mesmo sendo um curta metragem. Uma produção demorada, devido a falta de incentivo financeiro para finalizar alguns pontos do filme, mas feita com carinho e com uma equipe maravilhosa. Contar a história daquelas quatro mulheres estava além de fazer o filme, era como um desabafo e necessidade de viver cada momento de felicidade através do sorriso de cada uma daquelas personagens. E não foi só de sorrisos que vivemos, fomos cruzados por emoções diferenciadas – pelo menos eu, como roteirista e diretor, posso dizer isso.

Um trabalho diferente, sútil e com uma beleza única. Sem contar a trilha sonora que é quase toda original. Talvez o erro e a demora para terminá-lo venha do meu perfeccionismo, uma vez que sou extremamente detalhista (defeito que venho tentando mudar, embora ainda recuso-me a fazer algo por fazer como vários preferem), mas no fim valeu a pena pois as pontas se encaixaram e me fizeram acreditar ainda mais no contexto.

Eu não preciso apenas gostar do projeto, preciso amá-lo do inicio ao fim. Pode até ser ingenuidade aos olhos de alguns mas é o meu jeito, meu trabalho, minha paixão. E nenhuma paixão, por menor que pareça, merece ser jogada “na janela” e/ou colocada para que os outros vejam de qualquer jeito… Ela precisa ser apreciada, vivida. Se gostarem ótimo! Se não gostarem, faz parte do aprendizado da vida. Afinal, quantas vezes caímos antes de aprendermos a andar?!

Todavia, depois de tanto tempo e trabalho, ver o filme e gostar dele me faz sorrir, me fez voltar aquela primeira emoção que senti – junto com outros envolvidos – na qual queria viver a felicidade das personagens. Eu vivo a felicidade de cada uma delas! Mas é nesse nomento, transbordando de felicidade, que me pego pensando no passado, no que pesquei no ar ou através do sussurro de alguns passarinhos… É engraçado lembrar que algumas pessoas (do meio e fora dele) me perguntaram o motivo de eu pensar e ficar valorizando um curta metragem, uma vez que esse não rende bilheteria e “não gera dinheiro”; Me incentivaram a entregar de qualquer jeito o projeto, para somar mais um diante as pessoas e a classe, mesmo contendo os problemas que eu não gostava – os quais eu relutava dizendo que queria corrigir. É interessante passear por essas lembranças, principalmente sabendo que preferi seguir meu instinto, e dicas de outros grandes artistas, optando por juntar dinheiro e finalizar o filme do jeito que queria, ou o mais próximo possível disso, uma vez que o cara detalhista já citado acima ainda não foi abandonado por completo (nem sei se quero deixá-lo de lado). E o melhor, depois disso, é perceber que fiz uma boa escolha.

Quando se tem força de vontade as portas podem até demorar abrir, mas quando o fazem é com toda força e você ainda recebe a chave. Essa é a diferença entre acreditar e duvidar, o meio termo que propõe aos deuses da arte o funcionamento da maquinaria mesmo quando alguém tenta quebrá-la.

E graças a esse filme, “Cinzas e Café”, mais um curta metragem que não “gera bilheteria”, que pude perceber o certo em meio ao errado, o clarear das dúvidas tornaram-se mais fortes possibilitando um infinito de vontades e futuras realizações. E por isso agradeço a todos os envolvidos, seja ator, figurante, fotografo, editor e/ou assistente, aos amigos de profissão e os amigos fora dela, familiares e outros… obrigado pelo empenho, pela força, pelos empurrões, pelas dúvidas que tentaram implantar em minha cabeça, pela verba que ajudou o filme ser finalizado, pelo incentivo moral, por acreditar e desacreditarem, obrigado, meu muito obrigado. Mesmo ainda não tendo conseguido levantar a verba para exibir o filme para vocês, expresso isso com veracidade pois cada momento serviu de aprendizado, absorção de múltiplas energias que deixariam muitos caídos pelo chão. Mas valeu a persistência, a força que transformou a energia positiva em mais determinação, e a negativa em uma perseverança sem fim. E o que sobrou no final, foi lançado ao ar, como cinzas ao vento, na promessa de um recomeço para outrem.

Corta!

D.G

Atualizado: O Filme foi lançado e exibido na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio em julho de 2016. Na Ocasião, entregamos o dvd do filme para a equipe presente e comemoramos com um lindo coquetel.

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